Escolha uma porta e leia sua mensagem poética
Nada do que fazemos acontece ao acaso e é por isso que tudo o que escolhemos diz tanto sobre nós…
Abaixo, escolha uma das paisagens e leia a mensagem poética que ela trás para você…
Espero que a imagem e texto sejam “o motivo” para uma boa reflexão!
1)
Cada porta, uma escolha. Muitas vão se abrir para um nada ou para algum absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar: reavaliar-se.
Lya Luft
Lya Luft
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2)
A VERDADE
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os dois meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram a um lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em duas metades,
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
As duas eram totalmente belas.
Mas carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
Carlos Drummond de Andrade
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os dois meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram a um lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em duas metades,
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
As duas eram totalmente belas.
Mas carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
Carlos Drummond de Andrade
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3)
Assovio
Ninguém abra a sua porta
para ver que aconteceu:
saímos de braço dado,
a noite escura mais eu.
para ver que aconteceu:
saímos de braço dado,
a noite escura mais eu.
Ela não sabe o meu rumo,
eu não lhe pergunto o seu:
não posso perder mais nada,
se o que houve já se perdeu.
eu não lhe pergunto o seu:
não posso perder mais nada,
se o que houve já se perdeu.
Vou pelo braço da noite,
levando tudo que é meu:
– a dor que os homens me deram,
e a canção que Deus me deu.
Cecília Meireles
levando tudo que é meu:
– a dor que os homens me deram,
e a canção que Deus me deu.
Cecília Meireles
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4)
Acontece
Bateram à minha porta em 6 de agosto,
aí não havia ninguém
e ninguém entrou, sentou-se numa cadeira
e transcorreu comigo, ninguém.
aí não havia ninguém
e ninguém entrou, sentou-se numa cadeira
e transcorreu comigo, ninguém.
Nunca me esquecerei daquela ausência
que entrava como Pedro por sua causa
e me satisfazia com o não ser,
com um vazio aberto a tudo.
que entrava como Pedro por sua causa
e me satisfazia com o não ser,
com um vazio aberto a tudo.
Ninguém me interrogou sem dizer nada
e contestei sem ver e sem falar.
e contestei sem ver e sem falar.
Que entrevista espaçosa e especial!
(Últimos Poemas)
Pablo Neruda
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5)
“Não vou deixar a porta entre aberta.
Vou escancara-la ou fecha-la de vez.
Porque pelos vãos, brechas e fendas…passam semiventos, meias verdades e muita insensatez”.
Cecília Meireles
Vou escancara-la ou fecha-la de vez.
Porque pelos vãos, brechas e fendas…passam semiventos, meias verdades e muita insensatez”.
Cecília Meireles
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6)
DEUSES
No azul dos teus olhos,
Estrado de estrelas infantes,
Brinca o meu sonho,
Ciranda o meu peito
E adormece de encanto
O meu sol.
Estrado de estrelas infantes,
Brinca o meu sonho,
Ciranda o meu peito
E adormece de encanto
O meu sol.
Tudo o que sou em teus olhos reside,
E tudo o que sinto se amolda.
E tudo o que sinto se amolda.
Pois os teus olhos são portais
De meus tempos internos
Vitrais de templos que há muito frequento
Deuses a delinearem destinos
E a declinarem a minha vontade
Inconfessável, nua
De ser tua.
De meus tempos internos
Vitrais de templos que há muito frequento
Deuses a delinearem destinos
E a declinarem a minha vontade
Inconfessável, nua
De ser tua.
Nara Rúbia Ribeiro
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