Tu que dormes à noite na calçada do relento numa cama de chuva com lençóis feitos de vento tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento és meu irmão, amigo, és meu irmão E tu que dormes só o pesadelo do ciúme numa cama de raiva com lençóis feitos de lume e sofres o Natal da solidão sem um queixume és meu irmão, amigo, és meu irmão Natal é em Dezembro mas em Maio pode ser Natal é em Setembro é quando um homem quiser Natal é quando nasce uma vida a amanhecer Natal é sempre o fruto que há no ventre da mulher Tu que inventas ternura e brinquedos para dar tu que inventas bonecas e comboios de luar e mentes ao teu filho por não os poderes comprar és meu irmão, amigo, és meu irmão E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei pões um sabor amargo em cada doc...